Consiste em um buraco na área central da retina, causando piora na visão, muitas vezes associada a uma mancha central ou distorção de imagens e linhas. Na grande maioria das vezes sua causa é degenerativa. O buraco abre por trações na retina e/ou no gel do olho (humor vítreo). Seu tratamento é cirúrgico através da vitrectomia seguida da remoção das trações.
Oque é catarata?
A catarata é uma doença caracterizada pela opacificação progressiva do cristalino. O cristalino é uma lente natural do olho, situada atrás da iris. Sua função é projetar uma imagem nítida na retina que é a “tela” onde as imagens são formadas e transmitidas ao cérebro. Com a perda progressiva da transparência do cristalino, impedindo que os raios de luz o atravessem e alcancem a retina, a pessoa inicialmente percebe uma visão embaçada. Com a evolução do quadro, que leva à opacificação total do cristalino, a pessoa acometida pode enxergar apenas vultos.
A Catarata atinge quase metade (46,2%) da população mundial com mais de 65 anos. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que no mundo 160 milhões de pessoas tenham a doença. No Brasil são 2 milhões de pessoas afetadas e surgem 120 mil novos casos a cada ano.
Quais as causas?
A principal causa da catarata é o processo natural de envelhecimento, que faz com que o cristalino perca gradativamente sua transparência durante a vida. Entre os fatores de risco que aceleram o seu aparecimento, estão os maus hábitos alimentares e o stress da vida moderna que induzem ao acúmulo de oxidantes, além da excessiva exposição à radiação ultravioleta emitida pelo sol. Para se ter uma idéia, o risco de surgir a catarata aumenta em 60% para quem não protege os olhos do sol. Apesar da catarata fazer parte do envelhecimento natural, devemos diminuir a exposição aos fatores de risco para retardar o seu aparecimento.
Embora o problema apareça geralmente em pessoas com mais idade, há casos de crianças que já nascem com a doença (geralmente filhos de mães que tiveram rubéola ou toxoplasmose no primeiro trimestre de gestação).
Outras causas de aparecimento precoce da catarata são o diabetes; o uso sistemático e sem indicação médica de medicamentos, especialmente dos que contêm corticóides; as inflamações intra-oculares e os traumas como socos ou batidas fortes na região dos olhos.
Como se faz o diagnóstico?
O diagnóstico de catarata é feito pelo oftalmologista que através de um exame de biomicroscopia verifica o grau de opacidade do cristalino. Constatada a catarata, deve-se verificar o grau de deficiência visual apresentado para que se discuta com o paciente o momento adequado de realizar o tratamento.
Como é o tratamento?
O tratamento da catarata é cirúrgico. Não existem tratamentos clínicos nem medicamentos que revertam o processo de opacificação do cristalino. O objetivo do tratamento – cirurgia – é substituir o cristalino opacificado por uma lente artificial que restabelecerá a função perdida.
Como é feita a cirurgia?
A técnica cirúrgica mais moderna para a retirada da catarata é a FACOEMULSIFICAÇÃO. Com este método, o cirurgião oftalmologista fragmenta a catarata com um aparelho de facoemulsificação que possui uma ponteira que emite vibrações em uma frequência ultrassônica. Ao mesmo tempo em que fragmenta a catarata, esta ponteira possui um orifício que aspira os fragmentos da catarata.
Após remover a catarata é necessário implantar uma lente no local onde foi removido o cristalino opaco. Esta lente irá substituir o cristalino, propiciando que as imagens sejam novamente formadas nítidas na retina.
Riscos e complicações
Apesar de todo o avanço na técnica cirurgica da catarata e de todo o cuidado e habilidade do cirurgião, o paciente tem que ter em mente que, como todo ato cirúrgico, essa cirurgia não é banal e nem isenta de complicações.
O fato desta cirurgia ser realizada com o auxílio de equipamentos digitais, computadorizados e que são dotados da mais alta tecnologia não a eximem da possibilidade de complicações.
O olho humano é um orgão extremamente delicado e complicações como descolamento de retina, opacificação da córnea, aumento da pressão intra-ocular, inflamação e infecção ocular podem ocorrer, embora pouco freqüentes. Por este motivo, os cuidados pós operatórios são tão importantes quanto a cirurgia em si. É fundamental que o paciente seja disciplinado quanto ao uso dos medicamentos prescritos e ao comparecimento às consultas no pós operatório. Desta forma, qualquer complicação poderá ser rapidamente tratada, minimizando os riscos para a visão.
Recomendações
• Não use colírios, especialmente os que contêm corticóides, sem recomendação médica e respeite o prazo determinado pelo médico para aplicação do medicamento;
• Procure um oftalmologista imediatamente se notar qualquer inflamação ou sofrer algum trauma na região dos olhos;
• Consulte também o oftalmologista sempre que notar alguma alteração visual. A evolução da catarata é lenta, pode ocorrer primeiro em um dos olhos e a pessoa vai se acostumando com a perda progressiva da visão;
• Não tenha medo da cirurgia. Os resultados são animadores e, na maioria das vezes, a recuperação é muito rápida.
O que é Ceratocone?
O olho humano possui duas lentes naturais que tem por função projetar uma imagem nítida na retina, que é a tela onde as imagens são captadas e transmitidas ao cérebro. A lente mais externa é a córnea.
Qualquer distorção ou irregularidade da córnea induz uma diminuição da qualidade da imagem que chega a retina, provocando baixa qualidade visual.
O ceratocone é uma doença não inflamatória da córnea em que há uma desestruturação do colágeno corneano. Isso resulta em um afinamento progressivo da córnea com conseqüente protrusão e deformação de sua estrutura. A córnea tornando-se progressivamente mais fina e irregular perde sua capacidade de projetar imagens nítidas na retina.
O ceratocone ocorre na população numa freqüência média de um caso para cada 2000 habitantes. Na maioria dos casos, sua apresentação é bilateral e afeta igualmente homens e mulheres, com uma discreta preferência pelo sexo masculino. Apesar de sua apresentação esporádica, existem famílias com vários membros acometidos. Diversos estudos têm apontado a relevância cada vez maior do fator genético. Tem-se observado também que o ceratocone progride mais rápido em pessoas jovens e a maioria dos casos é diagnosticada antes dos 24 anos e progride até os 35 a 40 anos de idade. Sabemos que indivíduos alérgicos (portadores de rinite alérgica, asma ou outras formas de alergia) estão mais predispostos a desenvolver o ceratocone, possivelmente devido ao ato de coçar os olhos.
Quais são os sintomas do Ceratocone?
O principal sintoma é a diminuição da visão, a qual costuma piorar progressivamente.
Como se diagnostica o Ceratocone?
Deve-se suspeitar de ceratocone em pessoas jovens que apresentem astigmatismo ou que possuam astigmatismo que vem se modificando. O exame de topografia de córnea é o primeiro a evidenciar a doença e é utilizado também para acompanhar sua progressão. É importante também realizar exame da medida da espessura da córnea (paquimetria) já que córneas com ceratocone apresentam afinamento progressivo. Tomografias de córnea (Orbscan e Pentacam) também podem ser úteis na avaliação das córneas com ceratocone, principalmente nos casos cirúrgicos.
Como é o tratamento?
O tratamento do ceratocone tem por objetivo devolver e manter a melhor acuidade visual possível ao paciente. Em estágios iniciais as irregularidades da córnea (astigmatismo) são leves e consegue-se boa visão com o uso de óculos. Com a progressão da deformação corneana faz-se necessário o uso de lentes de contato rígidas para devolver uma superfície regular ao olho e atingir uma visão satisfatória. É importante salientar que a adaptação de lentes de contato nestes casos exige conhecimento e experiência. Caso a lente não esteja bem adaptada, o trauma causado pelo toque excessivo do ápice do ceratocone na lente de contato pode induzir uma aceleração da evolução do ceratocone ou causar uma perda de transparência da córnea com conseqüente piora da visão.
Existem tratamentos cirúrgicos para o ceratocone e sua indicação deve ser muito criteriosa. Cada tratamento tem seu momento ideal para ser feito e deve-se saber exatamente o que esperar de cada um deles.
O Cross-linking é um tratamento em que se submete a córnea a uma combinação de radiação ultravioleta e riboflavina (vitamina B2). Este tratamento tem por objetivo enrijecer o colágeno da córnea, impedindo a evolução de sua deformação. Este tratamento está indicado para pacientes que tenham boa qualidade visual com óculos ou lentes de contato e que tenham apresentado progressão da doença. Estudos recentes têm demonstrado que este tratamento, quando bem indicado, tem apresentado sucesso de 97% em estabilizar a evolução do ceratocone.
Os anéis intracorneais ou intraestromais (anéis de Ferrara) são arcos de material acrílico, transparentes e ultrafinos, que são implantados na periferia da córnea e funcionam como uma espécie de esqueleto, remodelando a córnea e regularizando sua superfície. Este tratamento está indicado para pacientes que tenham córneas transparentes e que não atinjam visão satisfatória com óculos ou lentes de contato. Casos muito avançados não apresentam bons resultados com este tratamento.
Em alguns casos, podem-se associar os implantes intracorneanos e o crosslinking para remodelar a córnea e manter este resultado.
Em casos avançados, onde as irregularidades não são passiveis de serem corrigidas com as técnicas mencionadas anteriormente, o transplante de córnea é o tratamento de escolha.
É importante salientar que poucos casos evoluem para o transplante.
Muito importante também é a atenção para que se faça o diagnóstico precoce do ceratocone. Hoje, com a possibilidade de se impedir a evolução desta doença com o crosslinking, é fundamental que se diagnostique o ceratocone antes que sua evolução leve a uma baixa acuidade visual.
Doença degenerativa que afeta a área central da visão (mácula), normalmente acima dos 55 anos de idade. Existem dois tipos de DMRI: a forma seca e a forma exudativa ou neovascular. A perda visual pode ser gradual ou abrupta, causando distorção de linhas e contornos de objetos, ou ainda, gerando uma mancha central. Atualmente o uso de antioxidantes via oral pode prevenir a evolução da doença, mas o tratamento com melhora ou estabilização da visão só é possível na forma exudativa. Este tratamento consiste na aplicação de medicamentos na cavidade vítrea.
O descolamento de retina é a separação da parte neurosensorial da retina do seu epitélio, causando um mau funcionamento da mesma. Este descolamento, caso não seja reparado, pode ocasionar um quadro irreversível de cegueira. Normalmente ocorre perturbação de um campo da visão (superior, inferior, lateral , etc) associado ou não com a perda da visão central. A principal causa é espontânea por alterações degenerativas de um gel que temos dentro do olho (humor vítreo). O tratamento é cirúrgico pelas técnicas de vitrectomia ou retinopexia.
É a formação de uma membrana na superfície da retina central (mácula) que pode levar a uma piora da visão, muitas vezes com distorção de linhas e objetos. Causada mais comumente por um processo degenerativo, em alguns pacientes também pode estar relacionada com inflamação intra-ocular. Seu tratamento é cirúrgico através da vitrectomia seguida da sua remoção com micropinças especiais.
A obstrução do fluxo venoso dos vasos da retina leva a um extravasamento dos componentes do sangue para o interior da retina, prejudicando a visão. A piora é muito variável, dependendo do local acometido. O tratamento atualmente está voltado para as complicações da doença, quando presentes: edema macular e formação de vasos anormais ( neovasos). Utiliza-se injeções de medicamentos dentro da cavidade vítrea e aplicação de laser.
Doença que afeta os vasos e neurônios da retina em pacientes diabéticos. Pode ocasionar piora da visão por edema macular, hemorragia vítrea ou descolamento de retina. O edema macular é um inchaço da área central da retina (mácula) que causa mais comumente piora gradual e moderada da visão. O tratamento consiste na aplicação de medicamentos na cavidade vítrea e a fotocoagulação à laser. A hemorragia vítrea e o descolamento tracional da retina normalmente causam perda abrupta e importante da visão. O tratamento na maioria dos casos é através de uma cirurgia chamada vitrectomia.
Saiba mais sobre Retinopatia Diabética
O que é retinopatia diabética?
O açúcar elevado no sangue compromete os capilares da retina, causando dilatação, vazamento e hemorragia. Essas alterações dos pequenos vasos sanguíneos da porção interna do globo ocular, causadas pelo diabetes, são chamadas de retinopatia diabética.
O que significam os termos “retinopatia diabética não-proliferativa” e “ retinopatia diabética proliferativa”?
A retinopatia diabética não-proliferativa apresenta os capilares da retina dilatados (microaneurismas) e incompetente, ou seja, deixam passar plasma e hemácias (conteúdos do sangue) por suas paredes danificadas.
A retinopatia diabética proliferativa apresenta, alem dos capilares dilatados e incompetentes, vasos anormais embrionários, que surgem na superfície da retina e que sangram com grande facilidade para o interior do globo ocular.
A forma proliferativa é muito mais grave que a forma não-proliferativa.
Como o Diabetes pode comprometer a visão?
No início da retinopatia, as alterações dos pequenos vasos sanguineos não são percebidas pelo paciente. A diminuição da visão ocorre quando esses capilares vazam, comprometendo a porção central da retina ou quando ocorre grande hemorragia.
Como a Retinopatia Diabética pode ser detectada e tratada precocemente?
No início, a retinopatia não compromete a visão dos pacientes. Entretanto, o exame de fundo de olho com dilatação da pupila permite identificar a retinopatia na fase inicial, quando a visão do paciente é normal. Uma vez feito o diagnóstico, o oftalmologista especializado em retina deve avaliar se há ou não necessidade de tratar com fotocoagulação por laser. Quando a retinopatia é muito leve, deve ser feito apenas um acompanhamento periódico.
Quando a fotocoagulação com laser pode ajudar os pacientes com retinopatia diabética?
Há dois momentos em que a fotocoagulação com laser pode ajudar os pacientes e deve ser indicada. Primeiro, quando surgem na superfície da retina vasos anormais, chamados neovasos. A presença desses neovasos é um sinal de alerta, pois eles sangram com grande facilidade para dentro do olho. Indica-se, então, a panfotocoagulação, que consiste num grande número de disparos de laser em várias sessões, detendo a progressão dos neovasos e diminuindo as possibilidades de sangramentos. O outro momento em que se indica laser é quando há uma diminuição da visão causada pelo vazamento e sangramento dos capilares da porção central da retina, chamada de mácula. A angiografia fluoresceínica identifica os capilares doentes que estão vazando, permitindo ao oftalmologista destruí-los com disparos muito precisos de laser. Isso échamado de tratamento do edema macular diabético.
De que forma o controle metabólico na Diabetes interfere na Retinopatia?
Grandes estudos realizados na América do Norte e Inglaterra (DCCT e UKPDS), demosntraram que os pacientes que conseguem manter um controle rígido da glicose sanguínea praticamente não apresentam retinopatia diabética e, quando apresentam é de forma muito leve.
Quais os cuidados que o paciente diabético deve ter com a visão?
O paciente deve, em primeiro lugar, escolher um bom endocrinologista. Por bom endocrinologista entende-se um médico com o qual se estabeleça uma relação de confiança e colaboração. A periodicidade dos exames de fundo de olho será determinada pelo oftalmologista, assim como o momento adequado para iniciar o tratamento. Com esses cuidados, a visão dos pacientes estará protegida da retinopatia diabética.
Com que frequência um paciente com diabetes deve ser submetido a um exame de fundo de olho com pupila dilatada?
A Academia Americana de Oftalmologia estabeleceu uma tabela em que relaciona a gravidade da retinopatia com a frequência com que os pacientes diabéticos devem ser submetidos ao exame de fundo de olho. Pacientes sem retinopatia ou com retinopatia muito leve devem ser examinados anualmente. Pacientes com retinopatia moderada, a cada 6 meses, e pacientes com retinopatia grave, a cada 3 meses. Embora essa tabela seja uma boa referência, compete ao oftalmologista do paciente estabelecer um plano de acompanhamento e tratamento.
A Retinopatia Diabética pode causar cegueira?
Sim, pode. A retinopatia Diabética é, ainda hoje, uma das principais causas de cegueira em quase todos os países do mundo. Isso deve-se ao fato de que o controle metabólico do Diabetes e o controle de fundo de olho dependem, principalmente do paciente. Infelizmente, muitos pacientes procuram atendimento oftalmológico somente quando a visão encontra-se muito afetada pela Retinopatia Diabética. Nessas circunstâncias, o oftalmologista tem muito pouco a oferecer.